segunda-feira, 28 de abril de 2014

este é o nosso segredo:
escrever nunca é o segredo.
é ser não esfinge mas édipo
decifrar, devorar, matar o pai
perfurar os olhos etc.

este aqui é o broche -
uma ponta aguda, os rios
de sangue em cada poema
gota é pouco

aqui veio morrer o sagrado
o inominável nominado
eis zeus e zeus se fez,
morreu aos cinquenta e oito
e deixou dois netos

e eis seus netos, assassinos
do avô: cortaram-lhe as rodas,
lançaram-nas ao mar - nada
aqui, aqui só, o Caos

o mundo é fácil, narciso vive
tudo é puro agrado
como vai? hasta la vista
até mais logo minha flor
e toda sorte virtuais

o horror, logo, isto
horror eu digo - eu grafo:
uma estátua queda no deserto
e os prodígios dos homens velhos
não valem nada mais - orfeu,
por deus, desvelai por nós!

Nenhum comentário:

Postar um comentário