domingo, 15 de dezembro de 2013

Ao nosso ancestral comum

ao nosso ancestral comum
que morreu sozinho
em um floresta qualquer
e que nos deixou de herança
essa tristeza de existir

ao nosso ancestral comum
que não falou palavra
e que não chorou lágrima
quando morreram teus pais
nas mãos do esquecimento

ao nosso ancestral comum
que agrediu seus pares
e descobriu o sexo
- descobriu as armas
e matou o seu redor

ao nosso ancestral comum
que incendiou a si mesmo
nos tempos dos deuses mortos
e destruiu as estátuas
para fazê-las novas

ao nosso ancestral comum
que virou a casca
da qual nasci
e que odiei
por me deixar sua marca

eu escrevo.

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