sábado, 13 de abril de 2013

No Hay Texto!: Irrelevância Nº 01


(Sobe a cortina sem aplausos)

No hay texto!

O que se lê aqui não é o que se lê. O autor não sabe nem nunca soube o que quis escrever. Letras se juntam em palavras, palavras em frases, frases em irrelevâncias. O que importa é o contexto, e o contexto não se é, só há trapaça. 

No hay texto!

Tudo é simulação. Eu escrevo simulação. Você capta simulação. Uma folha branca diria mais, mas sinceridade excessiva é patologia do espírito. Uma folha branca diria mais e não seria ouvida, pois uma folha branca não se repete, excetuando-se todas as vezes.

No hay texto!

Esgotaram-se as questões e só sobraram respostas. Não mais rasuramos: copiamos com excelência e com primazia. Eu sou a cópia da cópia da cópia da cópia, mas comparado à primeira eu sou muito mais original.

No hay texto!

Niilismo é facilidade. “Nada faz sentido, tudo é caos, a cerveja acabou”. As ideias fedem a mofo, mas ouvem aplausos de coisa nova. O oposto também é fácil. Tudo é fácil. Proponho aqui uma velha revolução: o sentido não há, mas existe em todas as coisas (alguém pergunta da plateia “e esse cheiro de naftalina?”).

No hay texto!

A mente aguenta impropérios. Hoje mesmo, enquanto a razão olhava pro outro lado, fiz flutuar uma bola e depois corri na velocidade da luz. Mas isso não é verdade. A verdade é que eu não sei, e eu não sei se é verdade.

No hay texto!

Voo sobre as asas de tudo o que penso e tudo o que penso não é mais do que uma pluma. O vento bate e leva a pluma embora e eu não voo mais. Mas vou.

No hay texto!

(Alguém pergunta da plateia “texto? Que texto?” Outro responde “esse que ele acabou agora”. Muitos dormem. Desce a cortina)

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